" ... o véu branco da branca espuma ..."
É deste lado da montanha que mais se pressente a saudade. A saudade de um mar ausente. A Natureza, generosa, pinta-se neste pedaço de terra beirão, com o rigor das cores outonais. O vermelho ocre e as tonalidades de amarelo, tomam conta da folhagem. As árvores, de grande porte, curvam-se sobre as estradas, saudando a nossa passagem. É como se chorassem de angústia, pelo fim dos dias ternos. Lá para os lados da Gardunha, é o castanho e o verde que predominam. E a montanha, austera, recorta o seu perfil imponente contra a abóbada de um céu de imenso. De um imenso azul desmaiado. Porque o Sol tranquilo deste fim de tarde, recolhe -se mais cedo nos contrafortes do Muradal. E é neste cadinho de emoções, que vagueio um olhar vadio pelo soberbo traje da paisagem. Mas falta mar. Porque é do lado de lá das montanhas que há bulício das grandes cidades. Que o quotidiano tem outros presentes, outras realidades, para oferecer. Não é que, neste regaço de Outono, a Natureza, vaidosa, não brinde os mais exigentes com uma viagem pelos Sentidos. Mas o silêncio refina a solidão. Nos dias mais agrestes, é o sibilar do vento a afagar a planície, que toma conta do meu sentir. É a trova do vento que passa, no dizer do poeta. É então que apuro o ouvido. Mas o vento não me traz notícias risonhas do meu país, nem oiço a voz revigorante do mar. Que saudades eu tenho do véu branco da branca espuma! Que saudades eu tenho do mar revolto que me trespassa! Que saudades eu tenho do marulhar das ondas, nesta ode de um mar infinito! Que saudades eu tenho do cheiro intenso da maresia! Que saudades eu tenho da sinfonia do mar !!!
Quito Pereira
Quito Pereira
Dizia a minha mãe: “É por isso que o mundo se não tomba...”
ResponderEliminarE é bem verdade! Queremos sempre aquilo que não temos.
Esta fotografia foi tirada pelo Quito ao lado do Hotel Vila Galé na Ericeira onde ficou hospedado no exacto fim de semana em que eu abalei à procura das montanhas da Gardunha e da Estrela, hospedando-me no Fundão.
Ele matou saudades do mar que eu também amo. Do mesmo mar que vejo todos os dias...
Eu fui seduzido pela imponência da serra e pelo bucolismo dos campos.
Dos mesmos lugares que o Quito vê todos os dias e que nos mostra amiúde através das suas melancólicas e belas prosas.
E também eu matei saudades...
De facto assim é, Rui. Quem está junto ao mar, sente-se atráido pela montanha. E o contrário também é verdadeiro. No "Alambique de Ouro" do Fundão, acontece algo de curioso. Em Julho ou Agosto, muitos casais nortenhos com filhos, vêm para ali usufruir daquela unidade Hoteleira e das suas piscinas. Deixam o mar que lhes está perto de casa para mergulharem neste interior de Portugal. Mas também é pacífico que a realidade do litoral é bem diferente desta ....
ResponderEliminarDaqui,entre cimentos vos digo ai que saudades
ResponderEliminardo mar e do campo!...
Duas paisagens bem diferentes, mas as suas belezas tornam-nos serenos,meigos e doces para
além do BELO que os nossos olhos alcançam!
Com este texto revi mentalmente esses espaços...
Estás quase...poeta, Quito! Bom texto, como sempre.
ResponderEliminarPois Rui, falta o quase. O "quase" que me faz recordar a sabedoria popular que diz: "...não vá o sapateiro além da chinela ...". Para os 3 juízes deste texto um abraço ...
ResponderEliminarO Rui Pato tem razao!Quito, tàs mesmo um poeta de 5*****!!!
ResponderEliminarSe me perguntassem o que é que aqui mais falta me faz, responderia sem hesitaçao: o MAR! Ok! COLMAR tem là essas 3 letrinhas tao màgicas mas nao dà para se dar um mergulho!!O que me vale sao os inumeros lagos que por aqui temos: o TITISEE, na Floresta Negra eo lago de GERARDMER nos Vosgos!Com o signo dos Peixes outra coisa nao seria de esperar!
Um abraço a todos!
BobbyZé
ResponderEliminarNão me fales em Lago TITISEE, que eu começo já a dedilhar o fado da saudade ...
Abraço
zangada estou...as mulheres,neste caso eu,
ResponderEliminarnão contam?!
Não!basta homens!
Olinda
ResponderEliminarReparaste na hora do meu comentário? É anterior ao do BobbyZé. Os três juizes naquela altura eram: O Felício, tu e o Rui Pato. Vai lá confirmar ...
A saudade é um mal estar permanente deste nosso povo que a perpetuou.
ResponderEliminarNão há nenhum português que não tenha saudade de qualquer coisa, mesmo que essa forma de estar seja revestida de insignificâncias ...
Como diz o Rui Felício, temos sempre saudade do sítio onde não estamos, neste desassossego permanente que nos faz apertar o nó da garganta e sentir o ar fatalista e nostálgico que é próprio do fado português.
Estamos condenados a ser assim, encostamo-nos ao tempo que passa e esperamos que a crise passe...
Quito, continua com os teus desabafos, embrulhando-os na qualidade da tua escrita.
Um abraço
Abílio
Mas as saudades do mar ou da montanha são atenuadas com os textos do Quito, de tal modo ele descreve os sentimentos, as cores,as paisagens...
ResponderEliminarQuito
ResponderEliminar"o silêncio refina a solidão" e a solidão refina os sentimentos e a qualidade da escrita.
Um Outono em toda a sua pujança!
Uma "Sinfonia do mar" entoando uma melodia na montanha.
....ahahahah....estás perdoado Quitinho!!!
ResponderEliminarNão viste que era chalaça!?
beijinho
Desculpa repetir-me,Quito.
ResponderEliminarÉ uma delícia o que escreves.
Obrigado.
Um abraço.
Olha Quito não vale a pena comentar este teu texto, porque como venho para aqui muito tarde, os que me sntecederam j+á disseram muito mais do que aquilo que, embora sem grande qualidade, eu poderia dizer!
ResponderEliminarAssim basta dizer que li e gostei!
Já te disse mais do que uma vez mas vou repetir: eu que normalmente só leio jornais, agora sempre vou lendo os teus textos.Quando um dia os reunires em livro posso dizer: mas este livro já li!
Mas compro na mesma...a não ser que me ofereças um...com dedicatória"
" Para o meu amigo Castelão, do Romancista detrás do Sol posto"
Salgueiro do Campo
tantos do tal do ano da graça do Senhor...
ass...
Rafael
ResponderEliminarNão te ofereço o livro porque não tenho estaleca intelectual para ver publicado o que quer que seja. Mas dedico-te a amizade. Seja detrás do sol posto ou da frente do dito ...
Abraço
Quito, não sejas modesto!És um portento no que escreves e na maneira como o fazes.Ao ler os teus comentários e os teus artigos, envolvo-me nele de tal maneira, em alguns com tal paixão, que me esqueço muitas vezes que estou a lê-los e não a vivê-los! Portanto meu amigo, não repudies a unanimidade de opinião de todos nós, continua mas é,para nos deliciarmos com a tua prosa!
ResponderEliminarBeijinho.
Ah, já me esquecia.....Orgulha-te, porque foi a 1ªvez, que comentei no Blog....E esta,hem!!!!!
Queria salientar um pormenor, que me esqueceu.
ResponderEliminarNão desvalorizando, todos os prosadores e prosadoras que frequentemente se manifestam aqui e em outros sítios, com tanto talento, tenho que ser sincera e como tal,direi que há dois amigos que com a sua maneira, embora diferente de se exprimirem, me enchem de admiração e prazer de os ler......Tu, Quito e o Rui Felício.
Tenho dito!!!!!!
E caramba, para 1ªvez, não está mal...
ResponderEliminarSe lhe apanho o jeito....nunca mais ninguém me cala!!!!!!